domingo, julho 25, 2010

Cerejas da Gardunha (da poeta Maria da Fonseca)












CEREJAS DA GARDUNHA


Maria da Fonseca


A rolar entre pomares

Na quente Cova da Beira

Estávamos curiosos

Para ver a Cerejeira.




Encontrámo-la feliz,

Carregada de cerejas,

As folhas verdes dos ramos

Resguardando-as, benfazejas.




De seus pezinhos suspensas

Eram uma tentação,

Vermelhas e madurinhas,

Milagre da Criação!





Não pudemos resistir

A colhê-las, que pecado,

Do ramo encantador

Sobre o muro debruçado.




Lindas e doces cerejas

Saboreámos, meu Deus!

Logo pensámos trazê-las,

Mas nossas não eram, céus!




Presto saímos dali,

O Sol a pino escaldava,

E o impulso de as roubar

Mais ainda nos queimava.





E se as quisemos trazer

Tivemos que as comprar,

As cerejas da Gardunha

Gostosas ao regressar!

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