sexta-feira, março 23, 2012

SEDUÇÃO IMEMORIAL
















Sedução imemorial

Santarém há três mil anos,
que tens o Tejo a teus pés,
não o prendes com enganos,
que dama sedutora, tu és!

Nessas margens verdejantes,
Um dia, Calipso se passeava...
quando aportaram viajantes,
e Ulisses dela, se enamorava!

Mas seu pai ficou zangado,
poe um genro estrangeiro...
a armada fez-se ao largo...
e Abidis foi o primeiro...

Rejeitado logo á nascença,
foi criado entre os veados,
que encontraram a criança,
num cesto por esses lados...

Sua mãe com o desgosto,
não quis voltar, a ter amor...
pl'a vida o rei perdeu gosto,
sem herdeiro! - era só dor!

Um dia,o rei ficou a saber
do jovem lá na floresta...
e logo, o mandou trazer,
e mandou dar uma festa!

Triste a princesa a chorar,
o filho perdido, reconheceu
pela flor que veio a marcar,
a sua pele, quando nasceu!

O velho rei claro...ficou feliz!
e nomeou-o seu sucessor!
Fundou uma cidade, Abidis
- Scalabis - onde achou, amor!

Trinta séculos são passados,
e ainda somos scalabitanos!
Tantos heróis foram gerados
nos verdes prados,ribatejanos!

Arlete Piedade

terça-feira, março 20, 2012

DIA INTERNACIONAL DA POESIA
















Dia Internacional da Poesia

D iamante lapidado, terna poesia
I rradiante em inspiração e magia
A stros navegando em pura alegria

I nacreditável esta nossa interacção
N otável a veia poética que nos irriga
T ela pintada com vibrante coração
E spargindo cores de seara e espiga
R aros tons de aguarela, óleo e carvão
N evóas de primavera, sol que respiga
A rdentes calores no pino do verão
C anção da ternura que a todos liga
I nflamada em terrenos de emoção
O vação de vates e musas em festa
N esga aberta na noite de escuridão
A mantes unidos em desejo e paixão
L entamente se perdendo pela floresta

D ata em que a primavera se inicia
A fastando os medos da estação fria

P apiro, repouso de antigos segredos
O uro e jóias de tesouros escondidos
E ncantos de ilhas perdidas no mar
S emeadas a esmo, pelos abismos
I nicío e fim de histórias imemoriais
A mantes vibrando desejo em poesia!

Arlete Piedade

VOLTOU A PRIMAVERA

Voltou a primavera á nossa floresta do amor

em ternas pinceladas coloridas de luz

jovens borboletas esvoaçam de flor em flor

e o amanhecer aos entes mágicos, seduz!

 

as árvores brilham como grandes ametistas

em pingentes verdes de luz encandeantes

quem seriam, míticos pintores os artistas

autores da obra na natureza, ofuscante?

 

venham ver, amigos, são nossos convidados

podem vir sozinhos, ou mesmo acompanhados

e espraiarem-se pelas clareiras luminosas...

 

tragam um piquenique com vossos amados

esqueçam por um dia, os destinos traçados

e aspirem os cheiros das flores odorosas...

 

Arlete Piedade

OS MEUS CUMPRIMENTOS

PARA SER LIDO AMANHA, 21 DE MARÇO DE 2012, DIA MUNDIAL DA POESIA

OS MEUS CUMPRIMENTOS

O - Os poetas… Que tenham, hoje, um lindo dia…
...
D - Desejo aos poetas do Mundo e arredores
I - Intenso dia poético e cheio de música e alegria
A - A guerra que seja esquecida e lembrados os amores…

D - Dediquem, hoje, à Paz, ao amor e à poesia do bem
A - A nossa vida que seja bela em tudo que ela contem
S - Sempre ofendemos os nossos… Os meus que me desculpem!

P - Provavelmente um dia de Poesia é muitíssimo pouco
O - Ou talvez não… Somos animais comprovadamente de vícios
E - E se viciarmos com a Paz e o amor e… É… Lógico
S - Sairmos por ai fora a esquecer… E assinar armistícios?
I - Imaginação, utopia, sonhos lindos num mundo louco
A - A verdade, acho eu, que com guerra e seus desperdícios
S - Suficientes seriam para termos a felicidade… Homem mouco!

João Furtado
Embaixador dos Poetas del Mundo para Cabo Verde

Praia, 20 de Março de 2012
http://joaopcfurtado.blogspot.com/

domingo, março 18, 2012

DIA DO PAI




Pai, este é o terceiro ano sem ti
mas mais que contar os dias, pai
são as lágrimas de uma saudade
contida, mas jamais esquecida !!
Pai, era verão e a tua horta pai,
estava linda! Cultivada e viçosa
cuidada e regada todos os dias.
Tinhas o teu banco á sombra
debaixo do teu pessegueiro
e lá ficavas sentado, sereno
cuidando de tudo com carinho!
Sabes pai, o ano passado secou
o teu pessegueiro, não deu fruto
Este ano, tem flor, está carregado
mas não chove! Será que vai secar?
Ou dar frutos para te homenagear?
Olha pai, recordas-te dos Dias do Pai?
Sempre te ia visitar, e te dava algo
um livro, um cartão, umas flores
ou a minha simples presença
e ficavas sempre tão feliz, pai!
Agora...
Vou visitar o teu túmulo, por flores
vou regar e semear a tua horta
e chorar lágrimas de saudade...
a saudade de um filha amada
que mesmo separada na morte
sempre te amará e te recordará!
Meu pai!

Arlete Piedade

domingo, março 04, 2012

TRIBUTO A MARIA DA FONSECA NO DIA INTERNACIONAL DA MULHER



O Dia Internacional da Mulher, é celebrado em reconhecimento ao papel desenvolvido pela mulher, na reivindicação de uma participação plena e igualitária na sociedade e na luta contra a discriminação, entre géneros.
A data é comemorada desde 1910, em homenagem às mulheres que morreram numa fábrica de tecidos, situada na cidade norte-americana de Nova Iorque, por reivindicarem melhores condições de trabalho. Em 1857, operárias desta fábrica de tecidos fizeram uma greve e ocuparam o recinto fabril, reivindicando melhores condições de trabalho, tais como a redução na carga diária de trabalho, de 16 para dez horas, equiparação de salários com os homens e tratamento digno no ambiente de trabalho.
As fábricas exigiam 16 horas de trabalho diário e as mulheres chegavam a receber apenas um terço do salário de um homem, pelo mesmo tipo de trabalho efectuado.
A manifestação foi reprimida com violência e as mulheres foram fechadas dentro da fábrica, que depois foi incendiada. Aproximadamente 130 operárias morreram carbonizadas, num acto totalmente desumano.
O dia 8 de Março começou a ser comemorado em 1910, mas somente em 1975, através de um decreto, a data foi oficializada pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Conhecido tradicionalmente como mês da mulher, Março deve servir de reflexão sobre os inúmeros problemas que a camada feminina enfrenta na sociedade, pois, a data significa que se devem resolver as questões que ainda impedem a emancipação progressiva e harmoniosa das mulheres.
Assim, convidei a querida poetisa e amiga, Maria da Fonseca, a contar-nos uma breve história da sua vida, que passo a citar:
- “Sou Maria da Fonseca, nasci em Lisboa, filha de pai português, natural do Porto e de mãe alemã, nascida em Berlim.
O meu Pai admirava imenso os escritores da sua época, lia muito e recitava poesia. Eu comecei logo de criança a gostar de o ouvir e fui influenciada pelos seus gostos.
Ao terminar o curso do liceu, era o momento de escolher a área científica
para prosseguir os estudos. Optei por Ciências e mais tarde escolhi seguir o ramo de engenharia químico-industrial.
Terminei o meu curso no Instituto Superior Técnico em 1955.
Fui sempre boa estudante e sentia-me compensada por fazer parte do grupo dos melhores alunos do curso desse ano. Ao todo éramos 25, sendo 9 moças e 16 rapazes.
As oportunidades de emprego em Portugal não surgiam com facilidade. Houve colegas que foram trabalhar nas fábricas dos seus familiares, outros dedicaram-se à investigação e vários ao ensino. Para as moças era ainda mais difícil; as indústrias portuguesas não ofereciam possibilidade de emprego às engenheiras e muitas nem sequer tinham engenheiro ou mesmo qualquer outro técnico qualificado. Assim restava-lhes seguirem o ensino ou a investigação.
Mas eu queria ir para uma fábrica – era esse o meu maior desejo! Tinha estagiado em três grandes empresas nacionais: CUF, SACOR, SAPEC e COVINA.
Um dia finalmente realizou-se o que eu pretendia. Recebi o convite de um industrial português para chefiar o laboratório da principal fábrica de vidro plano da América do Sul. Estava instalada no Estado do Rio de Janeiro, Brasil. Pareceu-me um projecto que correspondia às minhas expectativas. Consultei o meu Pai, ele aceitou bem a ideia e toda a família se alegrou com esta possibilidade surgida exactamente no dia 13 de Maio de 1956 – dia de Nossa Senhora de Fátima.
Assim no dia 10 de Outubro do mesmo ano, saí da minha casa para o meu primeiro voo no Constellation, avião que atravessaria o Atlântico rumo às terras de Vera Cruz. Cheguei completamente desfeita pela minha primeira viagem de avião de 18 horas. No entanto, em terra, recuperei as forças e fiquei curiosa. O dia estava lindo e quente, era meio-dia – olhei à minha volta e vi os restantes passageiros também satisfeitos por terem chegado ao seu destino. Tinha pedido a uma amiga para ir ao meu encontro no Aeroporto do Galeão. O Director Técnico da Companhia estava também à minha espera. Mal sabia eu que esse engenheiro que eu fui conhecer naquele momento era o meu futuro marido!
Na fábrica tudo correu bem – já tinha conhecimentos sobre a indústria que me esperava. As pessoas receberam-me com afabilidade e comecei a sentir-me à vontade. No entanto sentia saudades de Lisboa, da Família e das minhas Amigas. Escrevia-lhes longas cartas a contar tudo e também recebia imensas.
Vivia no Hotel em Icaraí. Na verdade todos me aconselharam que sendo sozinha seria melhor viver na cidade, no bairro de Icaraí, que tem uma magnifica praia e uma esplendorosa vista para a baía da Guanabara - do Corcovado, do Pão de Açúcar, do Botafogo, da Ilha da Boa Viagem - um cenário indescritível.
Não ia à praia apesar do intenso calor. Gostava mais de ir ao cinema e dedicava-me à leitura, o que constituiu sempre o meu hobby. Comecei a socializar-me a pouco e pouco apesar da minha timidez.
O Brasil começou a conquistar-me pela sua beleza, grandiosidade e simpatia.
Cerca de dois anos passados, viemos casar a Lisboa e tivemos três lindas Meninas (duas nasceram no Brasil e a terceira em Portugal). A vida familiar era atribulada com três filhas. O emprego, as transições e a educação das moças foi tarefa árdua. Apesar de todos os problemas tenho grande orgulho no meu percurso (no Brasil e em Portugal). As minhas filhas têm a sua vida constituída e são mães de seis belos Netos.
O meu gosto pelas letras foi constante na minha vida, mas com tantas tarefas, a oportunidade para me dedicar à escrita era escassa.
Próxima da aposentação comecei a sonhar; desta vez imaginava escrever um livro – talvez contar a vida, a minha luta que acho interessante.
Sucedeu que o convívio com os netos fez surgir a inspiração para escrever versos. E eles apreciam, o que me dá grande alegria. Fui desenvolvendo o gosto de observar a Natureza e tudo o que me rodeia! Sinto-me feliz enquanto escrevo. Verificar que os meus Amigos aceitam sensibilizados o meu poetar – traduzir em palavras simples o que me vai na alma – entusiasma-me para continuar esta arte maior.
Maria da Fonseca “
E agora em jeito de homenagem, aqui vai um belo poema desta linda poetisa, dedicado á família:

COM A FAMÍLIA

O Sol brilha a colorir
O céu, os toldos, o rio.
A Família a reunir,
Dos pardais ‘scuta-se o pio.

Seis velas correm no Tejo
Nesta tarde radiosa.
Os namorados dão beijos.
Nossa conversa amistosa.

São os primos que se encontram,
Os meus Netos radiantes.
A jogar se desencontram,
Escondem-se vigilantes.

No meio da brincadeira
Acham linda joaninha
Que se afasta mui ligeira
Dando às asas, vermelhinha.

Por cima o comboio passa
Na ponte pênsil, ruidosa,
E a brisa a todos abraça,
Mais fresca, mais buliçosa.

A tarde já vai caindo!
É preciso regressar.
Este é um domingo lindo
Que Deus deu por nos amar.

Lisboa - Portugal

Maria da Fonseca

Por tão linda e longa vida, o meu agradecimento a Maria da Fonseca que a todas nós inspira com o seu carinho e gentileza que mostram a grande Senhora e Mulher que soube sempre ser e continua a honrar-me com a sua amizade e poesia.

Arlete Piedade

DIA INTERNACIONAL DA MULHER















Dia Internacional da Mulher - Acróstico

D ás de ti, sem usar medidas
I ndiferente és ao maldizer
A mas sem pensar nas feridas

I njusta é a vida que levas
N ações unem-se neste teu dia
T ormentos venceste sem parar
E ncontraste forças no altar
R aios de sol são tua energia
N unca desistirás desses sonhos
A rdente e delicada nos carinhos
C iosa de dias futuros risonhos
I nclinas-te humilde na oração
O h! Jesus mostra meus caminhos
N ão quero ser esquecida da vida
A mo os meus filhos com paixão
L aços fortes de afecto e união!

D á-me forças para seguir Senhor
A limenta sempre esta alma de amor!

M ulheres de todas as raças uni-vos
U m clamor se ouvirá em todos os lados
L amentos em altas vozes, pelos filhos
H umilhados, mutilados, assassinados,
E rgue tua voz em todos os continentes
R ainha dos corações, ora pelos doentes!

Arlete Piedade

sábado, março 03, 2012

NO CUME DA MONTANHA

















Subi á mais alta montanha
como uma águia liberta planando no ar
que busca alimento para os filhos criar
e um pouso seguro para construir o ninho
e lá do mais alto cume, espraei o olhar
pelos cumes e cordilheiras distantes
até a vista se perder nas lonjuras azuis
e só conseguir imaginar
o azul distante do mar.

Deixei o pensamento vaguear, viajar
transpor as distâncias abismais
atravessar o oceano e as vagas eternas
e tão semelhantes á montanha
que a meus pés se estendia
e compreendi o mundo
como era um corpo uno e vivo
um imenso organismo vivo
que ondulava e respirava e vivia
como uma gigantesca baleia
com um minusculo coral no dorso
que era eu...

Tão pequenos e efémeros que somos
humanos surreais que se julgam deuses
que podem ser anjos e logo demónios
construir obras de arte e logo em seguida
torturar, destruir, assaltar, assassinar
amar ternamente e logo em seguida odiar
magoar, desprezar, humilhar e escorraçar
que seres são estes Senhor?

Misto de anjo e demónio, seres precários
de vidas curtas, feitos de matéria perecível
mas com um espírito eterno aprisionado
e em constante aprimoramento
através do amor, e do cruel sofrimento!

Arlete Piedade