segunda-feira, março 23, 2015

SIMBOLO DA VIDA CIGANA


Símbolo da Vida Cigana

S imbiose conseguida
I ndefinível extensão
M ar de verde campina
B ruma azul do firmamento
O lhos negros da cigana
L entos rodados no chão
O bjectos amontoados

D a roda da carroça
A lcança a vastidão

V ermelho é o rodado
I invencível liberdade
D ando voltas sem parar
A zul do céu lá no alto

C igana dança cigana
I nveste nessa beleza
G itana a realeza
A lcançada entre pares
N a bandeira empunhada
A zul verde avermelhada!

Arlete Piedade Louro




sexta-feira, março 20, 2015

AMOR CIGANO À LUZ DAS ESTRELAS


AMOR CIGANO À LUZ DAS ESTRELAS
Caminhando pelo planeta atravessando eras
Do oriente longínquo ao longo das campinas
Carroças e caravanas, puxadas por rocinantes
Chova ou escalde, nos Invernos ou Primaveras
Mulheres carregando as crianças pequeninas
Vida resumida nos pobres trastes balouçantes

Lá estão eles agora, dispondo o acampamento
Mais uma paragem, debaixo do céu estrelado
Lua cheia ilumina o azul-escuro do firmamento
Quando todos descansam, só um par acordado  
Cigano p’ra sua amada tange a viola, sonolento
Dança sensual à penumbra do fogo esbraseado

A lua desce suavemente em direcção ao ocidente
Pinta um rasto de poalha dourada, no lago além
Dois corpos unidos adentram a tenda fremente
Ecoam ecos de gemidos que não ouve ninguém
Beijos queixumes - segue a vida na noite ardente!

ARLETE PIEDADE LOURO



terça-feira, março 17, 2015

O VELHO MENINO


O Velho Menino

Aquele menino de sorriso doce que recordo
Quanta inocência e candura na alma terna
Depois de tanto tempo, afectos que renovo
Inseguranças, dúvidas, uma mágoa eterna

Hoje velhos os dois, meio seculo decorrido
Restam as mútuas recordações do passado
Nosso juvenil amor, idealizado e escondido
Para sempre na secreta tatuagem gravado

O reencontro com sabor a velhas emoções
Corpos desgastados, envelhecidos corações
A futilidade das aventuras inconsequentes…

Escolhas erradas, as vidas desperdiçadas
Filhos á deriva, em famílias destroçadas
Crianças fomos, sem apoios consistentes!

Arlete Piedade Louro

domingo, março 08, 2015

MI CORAZÓN CLAMA PAZ / MEU CORAÇÃO CLAMA PAZ



"Mi corazón clama paz"

como cada pétalo
que se le desgarra a la rosa
así son las penas
que aturden a mi corazón
al ver tanto odio y violencia
en un mundo que simula amor.


como cada quejido
que antecede a la agonía
así se siente el dolor
que entristece a mi corazón
al ver la muerte escoltando
al ángel de la guerra embravecido.


como cada plegaría
que elevada a los cielos
pretende llegar a tí, señor,
oye los ruegos de esos espíritus
que piadosamente claman
por un tiempo de paz y amor.

@angel pablo pinazo astudillo

buenos aires - 2015
imagen sólo a título ilustrativo


Versão em português:

Meu coração clama paz

como cada pétala
que se desprende da rosa
assim são as mágoas
que afligem meu coração
ao ver tanto ódio e violência
em um mundo que simula amor.

como cada queixume
que antecede a agonia
assim se sente a dor
que entristece o meu coração
ao ver a morte escoltando
o anjo da guerra embravecido.

como cada oração
que elevada aos céus
pretende chegar a ti, senhor
ouve os rogos desses espíritos
que piedosamente clamam
por um tempo de paz e amor!

Traduzido do espanhol para português:

Arlete Piedade Louro
Portugal


MINHA VISITA A MARTE


Sempre desejei visitar todos os lugares estranhos onde se passavam as histórias de ficção científica que devorava na minha adolescência e juventude. Bem sei que é um sonho irrealizável, até porque a maioria desses sítios, apenas existem na imaginação dos seus criadores. Mas um dos que mais me apaixonou e fez identificar com aquele local, foi Marte, o planeta vermelho!
Bem, mas esse existe! E agora que está em curso a primeira tentativa de colonização de Marte, com inscrições abertas, para os primeiros pioneiros, de uma viagem apenas de ida…comecei a pensar…e se eu me inscrevesse? Bem sei que já não tenho idade, nem condições físicas e psicológicas, para ser seleccionada para um projeto com altíssimos padrões de exigências…mas será que os jovens que irão ser selecionados, não vão necessitar de uma pessoa como eu, uma mulher madura e experiente com alto nível de versatilidade e engenhesidade uma espécie de McGyver feminina, que possa acudir a eventualidades e imprevistos, onde todos os ensinamentos e tecnologias possam não se mostrar suficientes e até falhar?
Bem, que tenho a perder? Se não resistir e o pior acontecer, também aqui na Terra, já tenho uma expectativa de vida reduzida e uma morte relativamente anónima. Que melhor legado para as gerações futuras, que um epitáfio da primeira pioneira de Marte, falecida ao serviço do progresso da Humanidade, para descobrir novas fronteiras? Afinal que foram os portugueses, senão pioneiros que deram ao Mundo, novas fronteiras percursoras de tantos avanços da nossa espécie no mundo? Vamos lá…está decidido! Inscrevi-me!
Bem, mas certamente o meu formulário será deitado na reciclagem, com umas boas risadas á mistura! Mas seja como for, Alea jacta est!
Bem e não é que aconteceu o improvável? Um dia pela manhã, estava eu a escrever uma história, quando recebi um telefonema estranho! Alguém que falava em inglês com sotaque americano convocava-me para uma entrevista em Lisboa, na Embaixada Americana!
Lá fui eu daí a dois dias, munida do meu melhor inglês reciclado numa actualização á pressa, e para abreviar a história, vim a saber que tinha sido seleccionada para a expedição a Marte!
A partida seria daí a 12 meses, e teria que participar num exigente programa de treinos, pelo menos para aprender a não sufocar logo que pusesse o pé fora da superfície terrestre!
Claro que não tinha contado nada em casa! E agora como ia descalçar a bota? Bem lá disse que tinha concorrido a um emprego nos Estados Unidos e tinha sido chamada para um estágio de um ano. Não era mentira, mas também estava longe de ser toda a verdade! Iria contar por etapas, antes que alguém tivesse um ataque!
E o dia tão ansiado chegou finalmente! Ainda não sei como consegui ultrapassar todas as etapas e ser aprovada, mas lá ia eu na nave, a mais velha do grupo inicial, e sentindo-me a mãe de todos!
Quando desembarcámos, eu estava preparada para tudo, menos para o que se passou na verdade!
Tinham-nos ensinado desde sempre que Marte era desabitado, mas então como explicar a receção que tivemos, logo que entrámos na ténue atmosfera marciana?
Seres alados esperavam-nos e começaram a acompanhar as nossas naves, sem qualquer esforço. Capacetes com pequenas asas na cabeça, aparentemente para servirem de sistema de navegação, longas asas cinzentas com reflexos metálicos, tal como os seus corpos que cintilavam com pequenas chispas á luz fraca do Sol.
O comando da nave-mãe chamou-nos pelo sistema de comunicação interna, recomendando calma e relembrando todas as normas para comunicação com espécies alienígenas. Prosseguimos com todas as etapas previamente estabelecidas, mas ao iniciarmos as manobras de descida, a nave deixou de responder aos comandos!
Perante a mais que provável hipótese de nos despenharmos, e já atribuindo culpas aos seres que nos cercavam, o comandante deu ordens para abandonar a nave usando os nossos fatos espaciais de suporte de vida!
Mas perante circunstâncias adversas como as que enfrentávamos, todo o treino e condicionalismos provaram não ser suficientes, para conter o pânico e o medo e ninguém ousou abandonar a nave e ir lá para fora enfrentar os anjos alados!
Preferiam enfrentar a morte unidos e esmagarem-se contra o planeta, do que enfrentar o desconhecido!
Mas havia alguém destemido ou completamente desesperado, para o fazer! EU!
Já completamente equipada, segui as indicações ignorando as expressões estarrecidas dos outros membros da expedição e ejetei o meu assento, abrindo a cúpula transparente que me cobria!
Nada me recorda do que senti, parecia-me apenas um sonho, quando agora tento lembrar-me! Mas quando recuperei a consciência, estava envolvida pelas asas de um daqueles seres que me tinha apanhado em pleno voo, quando o meu fato e capacete se desintegraram deixando-me completamente nua! Estava no seu ninho, uma estranha torre no meio de uma cidade de torres idênticas, que depois descobri serem as habitações dos Anjos, que tinham estabelecido uma base numa das luas de Marte!
Sentia uma reconfortante sensação de proteção e aconchego e na minha mente uma voz me falava: - Sou Michael e tu, como te chamas? Que vêm fazer a Marte? Depois de eu explicar tudo o anjo pediu desculpas, mas explicou que eram os guardiões do planeta e que ninguém estava autorizado a descer lá, pois era completamente inabitável! Perante a minha interrogação, acerca do que tinha acontecido á minha nave e os seus ocupantes, bem como á nave-mãe, Michael disse que tinham sido desviadas para a sua base em Deimos e que iam ser todos interrogados e educados para compreenderem as questões profundas sobre os seres que habitam a galáxia e as condições de habitabilidade dos planetas! Estavam a salvo e isso era importante, mas o melhor era aquele encontro inesperado com os Guardiões de Marte e o que iríamos aprender com eles!
E assim consegui concretizar mais um sonho!

Arlete Maria Piedade Louro
Portugal



DIA INTERNACIONAL DA MULHER - ACRÓSTICO




D ás de ti, sem usar medidas
I ndiferente és ao maldizer
A mas sem pensar nas feridas

I njusta é a vida que levas
N ações unem-se neste teu dia
T ormentos venceste sem parar
E ncontraste forças no altar
R aios de sol são tua energia
N unca desistirás desses sonhos
A rdente e delicada nos carinhos
C iosa de dias futuros risonhos
I nclinas-te humilde na oração
O h! Jesus mostra meus caminhos
N ão quero ser esquecida da vida
A mo os meus filhos com paixão
L aços fortes de afecto e união!


D á-me forças para seguir Senhor
A limenta sempre esta alma de amor!

M ulheres de todas as raças uni-vos
U m clamor se ouvirá em todos os lados
L amentos em altas vozes, pelos filhos
H umilhados, mutilados, assassinados,
E rgue tua voz em todos os continentes
R ainha dos corações, ora pelos doentes!

Arlete Piedade Louro

QUANDO EU NASCI


Quando eu nasci, as cegonhas já tinham terminado a sua migração para o sul do país e portanto foi um pouco difícil a minha chegada ao centro de Portugal, numa zona fora das rotas habituais dessas belas aves, que chegavam de Paris.
A minha mãe tinha-se levantado num sábado de madrugada, para ajudar a sogra a amassar o pão feito da farinha do nosso trigo, quando teve os primeiros sinais de parto. Informadas as mulheres mais velhas, a minha mãe foi impedida de prosseguir na sua tarefa e optou-se por chamar a parteira, que vivia numa aldeia vizinha.
Chegada a sapiente mulher, agora substituída por enfermeiras e médicas, foi observada a minha mãe e decretado que ainda iria demorar algum tempo até eu chegar e só havia que aguentar as dores, como todas as mães antes e depois daquele ano de 1956. Se a demora se devia á rota a sul, das cegonhas, eu não sei ao certo, mas o certo é que só na terça-feira seguinte pelas 9 h da manhã, eu cheguei.
Penso que a parteira desistiu de esperar pelas cegonhas, porque naquele tempo com os telemóveis por inventar, a internet ainda em projecto e o atraso nos telefones lá na aldeia, elas não tinham maneira de ser contactadas e então escolheram as andorinhas, para anunciar a minha chegada.
Eu bem as escutei chilrear nos beirados em volta da casa, todas agitadas. Para espantar as invejas por um transporte tão pouco usual, a parteira e as outras mulheres da família, resolveram defumar-me e às roupinhas que eu iria vestir, com fumaça de alecrim. Roupinhas essas que a minha mãe tinha laboriosamente costurado nos meses da gravidez, aproveitando as costas das camisas do meu pai já usadas, para cortar as minhas fraldas e costurando os meus vestidinhos, camisas e casaquinhos de flanela, ela mesma, com tecidos comprados na loja da aldeia ou reciclando velhas roupas, que naquela altura levava-se a sustentabilidade e o ambiente muito a sério!
E então como nasci ao mesmo tempo que o verão se anunciava, lá fui crescendo até que fiquei como na foto anexa, a primeira a que tive direito, pois fotógrafos também não abundavam! 

Arlete Maria Piedade Louro 

A CAMINHO DA ESCOLA