sexta-feira, junho 29, 2012

"OLHARES DE SAUDADE" LANÇAMENTO NA CIDADE DA PRAIA EM CABO VERDE - CONVITE


FINALMENTE!!! AO FIM DE TRÊS ANOS VAI VER A LUZ DO DIA, O NOSSO PRIMEIRO ROMANCE CONJUNTO SOBRE HISTÓRIAS DE EMIGRAÇÃO QUE SE CRUZAM NO ESPAÇO LUSÓFANO!! EM AGOSTO EM CABO VERDE, EM NOVEMBRO EM SANTARÉM E LISBOA...E NO ENTRETANTO SE VERÁ!!! QUEM QUISER DESDE JÁ RESERVAR O LIVRO, É SÓ ENTRAR EM CONTACTO CONNOSCO! EU E JOÃO P.C. FURTADO, MEU AMIGO FRATERNO E PARCEIRO DE ESCRITA!!

ARLETE PIEDADE CO-AUTORA

PREFÁCIO DE OLHARES DE SAUDADE FOI ESCRITO POR FÁTIMA BETTENCOURT!! CONFIRA AQUI:

Um homem e uma mulher juntaram-se para escrever um livro. Parece banal a afirmação, mas deixará de sê-lo quando se acrescentarem alguns detalhes um tanto insólitos: eles não se conhecem, têm origens e percursos completamente diferentes e são de raças diferentes: ela é portuguesa e ele caboverdiano da diáspora santomense. Como foi então possível tal junção de esforços? A única explicação possível é o facto de ambos, JOÃO e ARLETE, terem tido o mesmo sonho, de construir um romance misto e mestiço o que não é absolutamente a mesma coisa.

O romance aí está e deram-lhe o apropriado nome de “OLHARES DE SAUDADE”. Bebe em parte na ruralidade da ilha de Santiago, hoje marcada profundamente pela emigração. É uma história simples e humana sobre vidas de caboverdianos humildes, gente simples e honesta que vive do seu trabalho, quer modelando peças de cerâmica, quer conduzindo viaturas várias pelos campos fora ou cavando a terra e guardando as culturas que consegue fazer brotar do seu pedaço de chão.

Muitos emigram por não se conformarem com essa vidinha “nhanhida” do nascimento à morte. Emigram para melhorar de vida e realizar os sonhos acalentados em longos anos de sacrifícios. Para alcançar esse objectivo não olham a despesas nem a meios, às vezes são ludibriados por indivíduos sem escrúpulos que se movimentam nos circuitos de tráfico humano e outros. Caem no logro uma vez e outra e outra, mas uma vez mordidos pelo “bichinho” da partida, não desistem nem esmorecem na esperança de que um dia será o seu dia de sorte, o dia em que sairão para procurar Cabo Verde, pois que, como observou e bem mestre Baltasar, essa viagem é simplesmente “em busca das ferramentas com que possa regressar à sua terra e servi-la”.

Um detalhe muito curioso chama a atenção na urdidura do romance: é a ligação directa que o emigrante de Santiago estabelece entre a Europa e a aldeia onde vive. Para começar o emigrante do interior da ilha, ao sair do avião, tem normalmente à sua espera amigos e familiares num Hiace que parte directo para a sua casa lá no campo onde é recebido com todas as manifestações festivas tradicionais de boas vindas, nomeadamente quando ele se faz acompanhar de amigos europeus que visitam a ilha pela primeira vez, mas antes de conhecer quaisquer pontos de interesse, vão contactar em primeira mão o ambiente onde vive e labuta o amigo caboverdiano. Se este ainda não possui todo o conforto a que o amigo europeu está habituado é apenas um detalhe circunstancial a que o visitante terá que se adaptar rapidamente, tal o impacto do coração aberto que o acolhe, a verdade social e íntima da vida no meio rural, a terra e tudo o que generosamente dá aos seus filhos. Este é um dado extremamente valioso para a definição do perfil do emigrante de Santiago. Ele tem uma mãe, um pai, irmãos e outros parentes que adora, mas tem também uma terra que venera, de que os seus filhos se orgulham e que partilha com amor e generosidade tudo o que possui. Julgo que a maioria dos europeus colocados frente a essa realidade soube compreendê-la e apreciá-la. E assim se vai processando a integração, talvez num ritmo mais acelerado do que pressupõem as leis de um e outro lado do Atlântico.

Entre apelos opostos vivem os ilhéus: o apelo da Terra-longe sempre arrastando-os atrás do seu fascínio e o apelo da Mamãe-terra que com a mesma intensidade os pressiona para regressarem ao seu seio. Assim, os filhos destas ilhas vão e voltam para de novo partir e tornar a voltar enquanto tiverem um sopro de vida. Todavia temos que admitir que cada vez há mais cabo-verdianos a regressar de vez ao terreiro onde solta as crias e os cabritos e onde pode ver a espiga de milho amadurecer à sua frente. Quanto mais avança a globalização, mais cresce este desejo do crioulo se agarrar ao seu chão, às suas ilhas de pedra e vento. Felizes daqueles a quem a vida permite esse regresso
a

ainda que a nostalgia das vidas vividas sob outros céus seja sempre uma sombra dolorosa. Afinal de dor e de amor se faz a saudade.

Partida e regresso são uma constante nesta obra o que inclui naturalmente a componente festiva. A alegria natural no cabo-verdiano se reflecte nesses momentos, quer sejam de bota fora ou de boas vindas. Festa nunca falta, há sempre uns violões que acompanham vozes soltas e sentidas, há sempre lágrimas, muitos abraços, sentimentos e emoções a boiar à flor da pele, há sempre muito calor humano na proporção do batuque e do funaná.

OLHARES DE SAUDADE é uma obra escrita a quatro mãos sendo pois natural o leitor ser confrontado com dois estilos diferentes. Diferenças de formação, de ambientes, de culturas e tradições, de formas de expressão, de vocabulário, de discursos, de conceitos. Por aí se pode ver que não terá sido fácil arrumar todas essas diferenças e fazer com que elas se conjugassem para resultar num texto harmonioso. Os dois autores juntaram-se para produzir um livro mestiço, não será exagero dizer o mais mestiço do património literário luso-caboverdiano, numa proposta original e muito conseguida pois que a obra é toda ela uma festiva exaltação do convívio entre raças e culturas diferentes.

Fátima Bettencourt


Fátima Bettencourt é natural do concelho de Porto Novo, Ilha de Santo Antão, Cabo Verde. Diplomada em Magistério Primário, estagiou em Comunicação Educacional na Universidade Nova de Lisboa e na Escola Superior de Educação de Setúbal (Portugal). Foi professora do Ensino Primário em Portugal, Cabo Verde, Guiné-Bissau e Angola e professora do Ensino Preparatório em Cabo-Verde.

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