sábado, maio 22, 2010

SANTO ANTÓNIO DE LISBOA - UM DOS SANTOS MAIS POPULARES





Santo António de Lisboa

É em 12 de Junho que se iniciam em Portugal as festividades em honra de Santo António, o santo casamenteiro, padroeiro dos namorados e dos pobres, doutor da Igreja, pregador, militar de dois exércitos já depois da sua morte, venerado em Portugal, em Itália e no Brasil, santo da Igreja Católica.

Santo António nasceu em Lisboa cerca do ano de 1191-1195, e foi baptizado com o nome de Fernando. Era filho de Martim de Bulhões e Maria Teresa Taveira Azevedo. Pensa-se que terá nascido numa casa próxima á Sé de Lisboa, onde anos mais tarde ergueram uma igreja em sua invocação.

Fez os seus estudos na Igreja de Santa Maria Maior hoje Sé de Lisboa, ingressando como noviço, por volta de 1210 ou 1211, na Ordem dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho, no Mosteiro de São Vicente de Fora, onde permaneceu por três anos. Aos 18 ou 19 anos continuou os estudos no Mosteiro de Santa Cruz em Coimbra, que nesse tempo era um importante centro da cultura medieval na Europa. Aí o jovem Fernando, estudou Direito Canónico, Teologia e Filosofia.

Em 1220 aconteceu um facto marcante que determinou a sua vida futura. Cinco franciscanos foram martirizados e decapitados em Marrocos e os seus corpos vieram para Coimbra. Profundamente tocado e sensibilizado, Fernando muda o seu nome para António e ingressa na ordem de S. Francisco de Assis, para se dedicar á evangelização.

Parte para Marrocos, mas depois de lá estar algum tempo, fica gravemente doente. Os seus superiores decidem reenviá-lo para Lisboa, para se tratar. Mas o navio onde vinha de regresso á pátria, enfrenta uma grandiosa tempestade e é desviado do seu curso pela acção do mar e do vento, indo á deriva até aportar na Sicília a sul de Itália, onde passa a viver.
Em Itália, António ganha fama como grande pregador e evangelizador. Em Março de 1222, em Forlì, dissertou para religiosos Franciscanos e Dominicanos de forma tão fluente e admirável que o Provincial da Ordem o destinou de imediato à evangelização e difusão da doutrina.
Pregava em especial contra as doutrinas dos hereges que nessa altura floresciam em Itália e França. Ficaram célebres as suas pregações contra os Cátaros, Patarinos e Valdenses. Seguiu depois para França onde pregou contra os Albigenses e onde obteve importantes nomeações na hierarquia católica.

Em 1226 morre S. Francisco de Assis e António assiste a sua canonização em 1228. Em seguida nesse ano deslocou-se a Ferrara, Bolonha e Florença. No ano seguinte as suas pregações levam-no a Bréscia, Varese, Milão, Verona e Mântua. Em 1231, após contactos com o papa Gregório IX regressou a Pádua, sendo a quaresma desse ano celebrada com uma série de sermões de sua autoria.

Mas António estava já gravemente doente e em 13 de Junho de 1232, morre aos 36 anos de idade. Os seus restos mortais repousam na Basílica de Pádua, construída em sua memória. Em 30 de Maio desse mesmo ano, foi canonizado pelo papa Gregório IX. Foi proclamado doutor da Igreja pelo papa Pio XII em 1946.

Santo António deixou-nos de sua autoria Os Sermões Dominicais e Festivos. Cada sermão é dedicado a um domingo, e neles António aborda os assuntos focados, sob varias perspectivas.

O culto a Santo António é prestado em Portugal, em Itália, no Brasil e em várias outras cidades de países de origem portuguesa e latina. Os portugueses chamam-lhe Santo António de Lisboa, os italianos chamam-lhe Santo António de Pádua. Várias outras cidades o elegeram como seu padroeiro e o dia 13 de Junho é feriado municipal em muitas dessas cidades.

Temos assim Lisboa, cidade onde nasceu, e da qual é padroeiro, que tem o seu feriado municipal a 13 de Junho. Na noite de 12 para 13 de Junho, começam os festejos, com arraiais populares nos bairros da cidade, onde se come sardinha e febras assadas e caldo verde, tudo acompanhado com um bom vinho tinto.

Na Avenida da Liberdade, principal artéria lisboeta, tem lugar o desfile das marchas de Santo António, onde cada bairro compete entre si, quase como se fossem escolas de samba. No final, um bairro será o vencedor.

Também uma tradição célebre é a iniciativa dos Casamentos de Santo António, onde 12 casais pobres, escolhidos pela organização e promotores, casam em conjunto na Sé de Lisboa.

Esta tradição dos casamentos sob a égide de Santo António, repete-se também em Campo Grande – Mato Grosso do Sul (Brasil), cidade que tem também o santo como seu padroeiro, assim como Barbalha (Ceará) Três Lagoas (Mato Grosso do Sul) e Borba (Amazonas) cidade que tem uma grandiosa basílica dedicada ao santo, com restos mortais do santo. Também a cidade de Santo António do Príncipe no Arquipélago de S. Tomé e Príncipe, no Atlântico, é dedicado ao santo.

Mas Santo António tem também uma carreira militar nos exércitos de Portugal e Brasil O santo assentou praça nos dois exércitos que combaterem sob a sua protecção celestial.

Primeiro em Portugal em 1665, no 2ª Regimento de Infantaria de Lagos, por iniciativa de D. Afonso VI que achou que era uma acção capaz de conseguir a vitória contra as forças espanholas Efectivamente o exército português comandado pelo Marquês de Marialva conseguiu uma vitória contra o exército espanhol comandado pelo Marquês de Caracena.

No reinado de D. Pedro II, o Santo foi promovido a Capitão e no reinado de D. Maria I, a tenente-coronel, como recompensa pela vitória portuguesa na Batalha do Buçaco, contra as tropas francesas de Napoleão.

Também no Brasil, o santo assentou praça em 1685, sendo promovido a capitão em 1711 e a Tenente-Coronel em 1814, pelo Príncipe – Regente D. João com o soldo de 80$000 reis. Apenas com a proclamação da República, se deixou de pagar o soldo ao Santo.

Mas hoje em dia o Santo é sobretudo o padroeiro dos namorados, sendo o seu dia também o Dia dos Namorados no Brasil. Em Portugal celebra-se a noite de Santo António com arraiais populares em várias cidades e aldeias, com as fogueiras, a sardinha assada, e também os vasinhos de manjerico (uma planta aromática), onde se coloca uma quadra popular de carácter brejeiro ou jocoso, alusivo aos namorados e ao santo.

Arlete Piedade

2 comentários:

  1. Encantada com o seu artigo sobre Santo António estou aqui para a cumprimentar.
    Um abraço muito amigo, Maria

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  2. Querida Amiga Arlete:
    É maravilhosa e muito instrutiva a sua versão sobre a trajetória incomum desse notável santo, sempre tão admirado e respeitado como santo de devoção dos namorados e padroeiro de tantas paróquias.
    Parabéns pelo seu relato que reproduz com vivas cores a trajetória desse santo tão admirado e querido por todos!
    Com os cumprimentos da amiga, Laila

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