sábado, março 23, 2013

APRESENTAÇÃO DE OLHARES DE SAUDADE NA ABRÃ EM 10/03/2013



Arlete Piedade, Rui Ferreira, Presidente da Junta de Freguesia de Abrã, Dr. Ricardo Gonçalves, Presidente da Cãmara Municipal de Santarém, Professora Fernanda Barata



Grupo de Cantares de Abrã

Nota introdutória por Arlete Piedade:

Abrã, a freguesia onde pertence a aldeia de Canal, onde nasci, fica situada a norte de Santarém, de onde dista 25 kms, no sopé da Serra dos Candeeiros. Lá também nasceu a personagem deste livro, Isabel Pereira, a Isabelinha, bem como a sua família, frutos da minha imaginação, mas através das quais recordo no livro, factos da história da aldeia e dos arredores, bem como da minha própria infância e adolescência. Daí partiu a ideia de propor ao Presidente da Junta de Freguesia, a apresentação deste livro, para a qual tive a maior abertura e aceitação. Teve lugar no passado dia 10 do corrente mês de Março, com a presença de muitas pessoas, desde familiares, amigos, habitantes das aldeias, colegas de escola, antigas professoras, até personalidades que fizeram questão de marcar presença, como o Senhor Presidente da Câmara Municipal de Santarém e o Senhor Comendador Joaquim Louro, empresário benemérito da região entre outras.
Para fazer a apresentação, o senhor presidente da Junta, propôs e eu aceitei grandemente honrada, a Senhora Professora Fernanda Barata, cujo pai e tio, foram também professores distintos e beneméritos, sendo hoje recordados no concelho e cidade de Santarém, com grande carinho, saudade e reconhecimento. De referir que seu pai, foi o professor do meu próprio pai, que o recordava com enorme orgulho e um grande estudioso das freguesias e histórias das mesmas, do concelho de Santarém, cujas crónicas foram publicadas no centenário jornal da empresa regional, O Correio do Ribatejo, no qual a distinta professora também tem publicado com regularidade as suas brilhantes crónicas.
Abaixo transcrevo o teor da sua apresentação, escrito e lido pela própria, que a título gracioso se deslocou de Leiria, onde reside, para prestigiar a sua terra de origem e a sua cultura, facto que agradeço enormemente reconhecida e orgulhosa. A memória de meu pai, saiu também enaltecida, pois sempre foi um homem inteligente, grande leitor e apreciador da leitura e dos livros, apesar de não ter podido continuar os seus estudos além da 4ª classe, facto que o levou a sacrificar-se para o poder proporcionar a suas filhas, sendo enorme motivo de orgulho para ele. Foi assim que falou a senhora professora:

"Exmº Senhor Presidente da Câmara Municipal de Santarém,
Exmº Senhor Presidente da Assembleia Municipal de Santarém,
Exmª Senhora Vereadora da Cultura,
Exmª Senhora Vereadora da Educação,
Exmª Senhor Presidente da Freguesia de Abrâ e todos os membros da Assembleia de Freguesia,
Exmº Senhor Padre Pereira, distinto dinamizador da Freguesia,
Exmºs Senhores Convidados,
Prezados Amigos e Amigas, Prezados Conterrâneos,
Senhora Autora do livro "Olhares de Saudade" em parceria com o escritor João Furtado.

Estou hoje em Abrã, onde nasci e vivi até aos dez anos, onde me baptizei, fiz o percurso da Escola Primária e, mais tarde, casei na Igreja de Abrâ, onde em 21/12/1639, o Padre Frei António Cabral, Prior de Alcanede, celebrou a 1ª missa.
Este livro, "Olhares de Saudade", que tenho o privilégio de apresentar na Sede da Junta de Freguesia de Abrâ, é um livro de memórias saudosas de Cabo Verde e de Canal (Abrâ), onde nasceu a escritora Arlete Piedade.
Canal é um lugar que conheço, e ainda recordo o dia em que fui á sua festa anual em honra de São Silvestre.
A antiga hermida que ainda existe, reconstruída por iniciativa do Sr. Padre Pereira há poucos anos r conhecida pelos povos circunvizinhos pelas festas características realizadas nos dias 31 de Dezembro, 1, 2 e 3 de Janeiro, onde iam os criadores de gado ovino, caprino, bovino e muar, com os seus animais, que davam uma série de voltas á Capela, cumprindo promessas feitas, ou pedidos de novas ajudas, a São Silvestre.
Os donos dos rebanhos, cumprido o ritual, deixavam as suas esmolas na Capela, como agradecimento ao Santo da sua devoção.
Esta tradição tão antiga e singular, acabou, como acabaram muitas tradições do bom Povo Português.
Presentemente o lugar de Canal perdeu muito da sua população activa e os seus habitantes trabalham na agricultura (referência aos mais idosos), outras pessoas dedicam-se ao comércio, ou aos negócios e á floricultura.
Muito conhecida é a Casa das Antiguidades e Velharias, que ocupa um grande espaço dentro da povoação.
De referir que nesta casa estão expostas para venda, peças de grande qualidade.
A freguesia de Abrâ (a palavra árabe Abâra, depois Abrâa significa entrada, caminho, porto), é composta de Abrâ Grandee Abrâ Pequena e abrange os lugares de Amiais de Cima, Coutada, Canal, Cortiçal e Vale Florido.
Em 1810 as tropas comandadas pelo General Massena (3ª Invasão Francesa) passaram por Amiais de Cima, tend os seus habitantes escondido cruzes de prata, pertencentes á antiga Capela da Santíssima Trindade, para se evitar um possível desvio.
Também as tropas de Massena passaram pelo Canal, fazendo muitos estragos, como na Pocariça, onde destruíram completamente uma azenha.
Pelos lugares de Cortiçal e Vale Florido passaram as tropas do nosso primeiro Rei, D. Afonso Henriques, em 1147, que iam conquistar Santarém aos Mouros.
Essas tropas ficaram uma noite no sítio designado por "Os CARREIRINHOS" a fim de, na madrugada imediata, poderem cortas as madeiras nos Catarinos, para confecção das escadas destinadas ao escalamento das muralhas do Castelo de Santarém.
De referir, que as ditas tropas, comandadas por Mem Ramires, só souberam o seu verdadeiro destino quando chegaram a Pernes.(Ebráas).
(Notas do professor Albertino Barata)
Saliento que o Cabeço da Guarita, em AbrÃ, oferece-nos um panorama soberbo, avistando-se de lá 14 concelhos. Acredita-se que num local entre Abrà e Amiais de Cima, num vale com o nome de "Outeiro do Moinho", teria existido uma povoação desaparecida há séculos.
Acredita-se também que num sítio chamado "Capelas", D. Afonso Henriques teria planeado construir um castelo. No século XVII fpo desterrado um poderoso fidalgo que vivia na Corte, para o lugar ermo (na altura) de Coutada, onde viveu isolado, constituiu família e morreu.
Da casa senhorial onde habitou com sua numerosa família, nada resta, (culpa do vandalismo) acontecendo o mesmo (causa de incêndio) a uma casa muito próxima, mais modesta, onde viveu um frade, possivelmente companheiro de exílio do referido fidalgo.
Como curiosidade, acrescento que há ainda hoje, muitos descendentes desta misteriosa figura, de quem tão pouco se sabe.
Abrà teve as suas primeiras casas no local, chamado Sôjo do Vale.

Referência ao arquipélago de Cabo Verde (homenagem ao Escritor João Furtado).
Em 1400 Diogo Gomes e António de Nola haviam chegado á Ilha de São Tiago em Cabo Verde.
Em 1470 foram descobertas as ilhas de Corisco, Ano Bom e S. Tomé e Príncípe.
Para o povoamento de Cabo Verde e de São Tomé e Príncipe, D. João II, O Príncipe Perfeito, tencionava prosseguir a política que havia seguido nos arquipélagos da Madeira e dos Açores, que foi esta: - Doar as ilhas a quem as povoasse e cultivasse, mediante o pagamento de direitos aos Reis e Príncipes Portugueses, considerados seus proprietários.
Devemos dizer que não foi fácil a adaptação do Europeu naquelas paragens, sendo a mão de obra importada de África.
D. João II fez a doação ao Duque de Beja (depois Rei D. Manuel I, O Venturoso), das Ilhas de Cabo Verde, sendo o arquipélago designado por "Ilhas de Santiago", composto pelas seguintes ilhas: Santiago, São Filipe (actual Fogo), Ilha das Maias (Maio) Ilha de São Cristovão (Boavista), Ilha do Sal, Ilha Brava, São Nicolau, São Vicente, Rasa, Branca, Santa Luzia e Santo António (Santo Antão).
A falta de chuva tem sido um mal para Cabo Verde mas as suas praias de sonho e a simpatia das suas gentes, continuam a atrair os turistas.
Eu tive oportunidade de conhecert e conviver com colegas caboverdianas que, tal como eu, estudavam em Lisboa. Os Caboverdeanos prezam a Cultura, como bem precioso e amam a sua terra, estejam longe ou perto.
Personalidades notáveis de Cabo Verde:
- Dr. Vasco da Gama Fernandes.
Ilustre Advogado, com um percurso de vida invulgar, nascido em 1908 em S. Vicente (Cabo Verde) e falecido em Lisboa em 1191.
Foi aluno do Liceu Passos Manuel em Lisboa, e da Faculdade de Direito na Universidade de Lisboa onde se licenciou.
Destacado Político, grande Democrata, viveu na cidade de Leiria, onde exerceu brilhantemente a Advocacia, mas em 1971 transferiu-se para Lisboa.
Foi deputado á Assembleia Constituinte de que foi Vice Presidente e depois, reeleito Deputado, foi o 1º Presidente da Assembleia da República.
- Cesária Évora
Uma Cantora Caboverdeana, uma extraordinária Mulher, que nos encantou com a sua voz maravilhosa.
Foi sem dúvida, uma Embaixadora do seu País.
Cabo Verde, terra de notáveis figuras da Cultura, foi uma terra de muitos emigrantes no século passado.
A sua terra de preferência era Lisboa e arredores (Amadora), onde trabalhavam arduamente na construção civil, em oficinas, etc.
As circunstâncias das suas vidas difíceis, levavam-nos a sair das suas terras, deixando muitos deles, as suas famílias, com grande angústia e sofrimento.
As saudades eram as suas companheiras permanentes.
Este livro, "Olhares de Saudade", é o espelho de dramas familiares, de encontros e desencontros, de sucessos e insucessos, mas também um hino de amor, de solidariedade, de trabalho, de esperança e de vivências alegres e tristes, próprias de todos os seres humanos.
Considero que as principais figuras deste livro são os primos Jeremias e Geremias, os seus familiares e amigos, com as suas tradições, os seus costumes e as suas festas.
O Canal, simples lugar, onde as crianças tinham que andar a pé para frequentarem a Escola de Abrã, tem uma personagem central, a Isabelinha, uma vítima de preconceitos próprios da época, em que viveu.
Seus pais representam também, a época em que adquirir Cultura, era um bem só para alguns.
Estão de parabéns, os Escritores Arlete Piedade e João Furtado, pelo livro que nos puseram nas mãos.
Estão de parabéns a Junta de Freguesia de Abrã e todos os seus membros. Nós estamos todos de parabéns.
Aproveito para cumprimentar os presentes, e todos os habitantes da Freguesia, bem como o Grupo de Dadores Benévolos de Sangue, os seus beneméritos Fundadores, os seus anteriores Presidentes e a actual Presidente.
Lembro hoje todos os antigos professores já falecidos, que tanto prestigiaram Abrã - Joaquim Ferreira Pinto (1º Professor), Manuel Joaquim Montez, Amélia Duarte Montez e Albertino Henriques Barata.
Tive o privilégio de conhecer a Senhora Dona Amélia Duarte Montez, modelo de educadora e de Mãe exemplar. Todos repousam, no cemitério de Abrã.
Cumprimento os actuais Professores e Educadores de Infância, assim como as suas colaboradoras.
Cumprimento, igualmente, os Senhores Empresários da Freguesia de Abrã, que pela sua coragem e determinação, mantêm as suas empresas, dando trabalho a muitos trabalhadores, a quem também cumprimento. Destaco entre todos os empresários, a acção do Sr. Comendador Joaquim Louro.
Registo o progesso industrial de Amiais de Cima, que é exemplar e digno de ser conhecido e reconhecido.
Cumprimento todos os membros da Associação Cultural, Recreativa e Desportiva na pessoa do seu Presidente.
Cumprimento o Sr. Padre Pereira, todos os seus paroquianos, que dignificam a Igreja e também as Irmãs Concepcionistas, pela sua honrosa actividade.
Cumprimento todos os beneméritos de Abrã, na pessoa do Senhor Valentim Leal Pereira.
Cumprimento todas as pessoas que frequentam o Centro de Dia, ocupando os seus tempos livres de forma saudável.
Cumprimento o grupo "Cantares de Abrã, o seu ensaiador e músicos, que quiseram abrilhantar este dia festivo.
Enalteço a boa vontade de todos e agradeço também a todos, na pessoa da D. Fernanda Ferreira.
Finalmente felicito calorosamente a autora do livro "Olhares de Saudade", não esquecendo o Autor João Furtado que, pela distância, não pode estar entre nós, facto que lamentamos.
Maria Fernanda Barata
Abrã, 10/03/2013"

De referir que no final da apresentação e da actuação do grupo musical, teve lugar o lanche fornecido entre todos os intervenientes, e o Porto de Honra. A todos o meu enorme OBRIGADA, em meu nome e de João Furtado.

Arlete Piedade


2 comentários:

  1. PARABÉNS ARLETE MAIS UMA VEZ!!!

    PELO TEU LIVRO, PELA LINDA FESTA E TEU ORGULHO DE CONTERRÂNEA!!!

    1 BEIJINHO LÍDIA

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    1. Muitos Parabéns, minha querida amiga Arlete Piedade, pela consagração merecida pelo OLHARES DE SAUDADE na sua terra natal. Que linda Festa!!!!Pena não poder estar presente o João Furtado que teria adorado.
      Abraços amigos para os dois autores,
      Maria

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