domingo, março 04, 2012

TRIBUTO A MARIA DA FONSECA NO DIA INTERNACIONAL DA MULHER



O Dia Internacional da Mulher, é celebrado em reconhecimento ao papel desenvolvido pela mulher, na reivindicação de uma participação plena e igualitária na sociedade e na luta contra a discriminação, entre géneros.
A data é comemorada desde 1910, em homenagem às mulheres que morreram numa fábrica de tecidos, situada na cidade norte-americana de Nova Iorque, por reivindicarem melhores condições de trabalho. Em 1857, operárias desta fábrica de tecidos fizeram uma greve e ocuparam o recinto fabril, reivindicando melhores condições de trabalho, tais como a redução na carga diária de trabalho, de 16 para dez horas, equiparação de salários com os homens e tratamento digno no ambiente de trabalho.
As fábricas exigiam 16 horas de trabalho diário e as mulheres chegavam a receber apenas um terço do salário de um homem, pelo mesmo tipo de trabalho efectuado.
A manifestação foi reprimida com violência e as mulheres foram fechadas dentro da fábrica, que depois foi incendiada. Aproximadamente 130 operárias morreram carbonizadas, num acto totalmente desumano.
O dia 8 de Março começou a ser comemorado em 1910, mas somente em 1975, através de um decreto, a data foi oficializada pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Conhecido tradicionalmente como mês da mulher, Março deve servir de reflexão sobre os inúmeros problemas que a camada feminina enfrenta na sociedade, pois, a data significa que se devem resolver as questões que ainda impedem a emancipação progressiva e harmoniosa das mulheres.
Assim, convidei a querida poetisa e amiga, Maria da Fonseca, a contar-nos uma breve história da sua vida, que passo a citar:
- “Sou Maria da Fonseca, nasci em Lisboa, filha de pai português, natural do Porto e de mãe alemã, nascida em Berlim.
O meu Pai admirava imenso os escritores da sua época, lia muito e recitava poesia. Eu comecei logo de criança a gostar de o ouvir e fui influenciada pelos seus gostos.
Ao terminar o curso do liceu, era o momento de escolher a área científica
para prosseguir os estudos. Optei por Ciências e mais tarde escolhi seguir o ramo de engenharia químico-industrial.
Terminei o meu curso no Instituto Superior Técnico em 1955.
Fui sempre boa estudante e sentia-me compensada por fazer parte do grupo dos melhores alunos do curso desse ano. Ao todo éramos 25, sendo 9 moças e 16 rapazes.
As oportunidades de emprego em Portugal não surgiam com facilidade. Houve colegas que foram trabalhar nas fábricas dos seus familiares, outros dedicaram-se à investigação e vários ao ensino. Para as moças era ainda mais difícil; as indústrias portuguesas não ofereciam possibilidade de emprego às engenheiras e muitas nem sequer tinham engenheiro ou mesmo qualquer outro técnico qualificado. Assim restava-lhes seguirem o ensino ou a investigação.
Mas eu queria ir para uma fábrica – era esse o meu maior desejo! Tinha estagiado em três grandes empresas nacionais: CUF, SACOR, SAPEC e COVINA.
Um dia finalmente realizou-se o que eu pretendia. Recebi o convite de um industrial português para chefiar o laboratório da principal fábrica de vidro plano da América do Sul. Estava instalada no Estado do Rio de Janeiro, Brasil. Pareceu-me um projecto que correspondia às minhas expectativas. Consultei o meu Pai, ele aceitou bem a ideia e toda a família se alegrou com esta possibilidade surgida exactamente no dia 13 de Maio de 1956 – dia de Nossa Senhora de Fátima.
Assim no dia 10 de Outubro do mesmo ano, saí da minha casa para o meu primeiro voo no Constellation, avião que atravessaria o Atlântico rumo às terras de Vera Cruz. Cheguei completamente desfeita pela minha primeira viagem de avião de 18 horas. No entanto, em terra, recuperei as forças e fiquei curiosa. O dia estava lindo e quente, era meio-dia – olhei à minha volta e vi os restantes passageiros também satisfeitos por terem chegado ao seu destino. Tinha pedido a uma amiga para ir ao meu encontro no Aeroporto do Galeão. O Director Técnico da Companhia estava também à minha espera. Mal sabia eu que esse engenheiro que eu fui conhecer naquele momento era o meu futuro marido!
Na fábrica tudo correu bem – já tinha conhecimentos sobre a indústria que me esperava. As pessoas receberam-me com afabilidade e comecei a sentir-me à vontade. No entanto sentia saudades de Lisboa, da Família e das minhas Amigas. Escrevia-lhes longas cartas a contar tudo e também recebia imensas.
Vivia no Hotel em Icaraí. Na verdade todos me aconselharam que sendo sozinha seria melhor viver na cidade, no bairro de Icaraí, que tem uma magnifica praia e uma esplendorosa vista para a baía da Guanabara - do Corcovado, do Pão de Açúcar, do Botafogo, da Ilha da Boa Viagem - um cenário indescritível.
Não ia à praia apesar do intenso calor. Gostava mais de ir ao cinema e dedicava-me à leitura, o que constituiu sempre o meu hobby. Comecei a socializar-me a pouco e pouco apesar da minha timidez.
O Brasil começou a conquistar-me pela sua beleza, grandiosidade e simpatia.
Cerca de dois anos passados, viemos casar a Lisboa e tivemos três lindas Meninas (duas nasceram no Brasil e a terceira em Portugal). A vida familiar era atribulada com três filhas. O emprego, as transições e a educação das moças foi tarefa árdua. Apesar de todos os problemas tenho grande orgulho no meu percurso (no Brasil e em Portugal). As minhas filhas têm a sua vida constituída e são mães de seis belos Netos.
O meu gosto pelas letras foi constante na minha vida, mas com tantas tarefas, a oportunidade para me dedicar à escrita era escassa.
Próxima da aposentação comecei a sonhar; desta vez imaginava escrever um livro – talvez contar a vida, a minha luta que acho interessante.
Sucedeu que o convívio com os netos fez surgir a inspiração para escrever versos. E eles apreciam, o que me dá grande alegria. Fui desenvolvendo o gosto de observar a Natureza e tudo o que me rodeia! Sinto-me feliz enquanto escrevo. Verificar que os meus Amigos aceitam sensibilizados o meu poetar – traduzir em palavras simples o que me vai na alma – entusiasma-me para continuar esta arte maior.
Maria da Fonseca “
E agora em jeito de homenagem, aqui vai um belo poema desta linda poetisa, dedicado á família:

COM A FAMÍLIA

O Sol brilha a colorir
O céu, os toldos, o rio.
A Família a reunir,
Dos pardais ‘scuta-se o pio.

Seis velas correm no Tejo
Nesta tarde radiosa.
Os namorados dão beijos.
Nossa conversa amistosa.

São os primos que se encontram,
Os meus Netos radiantes.
A jogar se desencontram,
Escondem-se vigilantes.

No meio da brincadeira
Acham linda joaninha
Que se afasta mui ligeira
Dando às asas, vermelhinha.

Por cima o comboio passa
Na ponte pênsil, ruidosa,
E a brisa a todos abraça,
Mais fresca, mais buliçosa.

A tarde já vai caindo!
É preciso regressar.
Este é um domingo lindo
Que Deus deu por nos amar.

Lisboa - Portugal

Maria da Fonseca

Por tão linda e longa vida, o meu agradecimento a Maria da Fonseca que a todas nós inspira com o seu carinho e gentileza que mostram a grande Senhora e Mulher que soube sempre ser e continua a honrar-me com a sua amizade e poesia.

Arlete Piedade

1 comentário:

  1. Te desejo muitas alegrias temperadas de felicidades..Em nosso dia internacional da mulher sejamos mais unidas em amor e fraternidade para que o amor seja a Oração de nosso coração..

    Beijo Amiga

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