Amor os dias são cada vez mais longos
E aquele relógio que dava hora
Está totalmente parado agora
E eu... sinto falta dos nossos diálogos!
Já não recordas do relógio?
É ele que me acompanha
Tu o compraste naquela campanha
Da loja da esquina, a do Gregório!
Nunca ia a lado nenhum sem ti
Estávamos sempre juntos os dois
Talvez nem lembres... pois
Da alegria que na altura senti!
Nem tudo era cor de rosa
Mas vivíamos juntos todos os momentos
As vezes com os nossos lamentos
Outras vezes numa felicidade primorosa!
Sei que são da vida as contingências
A tua saúde exige a nossa separação
Mas é grande a falta no coração
E os meus ciúmes com suas exigências....
Tenho ciúmes amor, muito ciumes, te juro
Imagina que até do relógio também
Como ficaria a ti esperar tão bem
Se parado estivesse como ele… no escuro...
É verdade quando vieres traga uma pilha
(o relógio vai querer acordar e contigo
Sorrir e dar horas e minutos, que comigo
Ele fechou-se que nem um desértica ilha)
Tenho que te deixar querida e meu amor
Vou trabalhar, ficas no quadro sobre a mesa
E levo-te no coração comigo é uma promessa
Vais me acompanhar e moderar o meu humor!
E a noite quando cansado regressar
E cheio de saudades te ligar pelo telefone
Sabe, não terei outra qualquer fome
Senão de te atender e ouvir e escutar
E cansado irei descansar, mas te levarei
A tua fotografia no quadro, aquele quadro
Podes achar e com razão que sou “malandro”
Mas sozinho, juro-te amor, jamais dormirei !
João Furtado
Praia, 01 de Setembro de 2010
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