Ai meu amor, meu amor e meu amor
Caboverdeano é mesmo basofo, basofo
Olha lá amor, enquanto se morre em Kosofo
Eu cá brinco e de que maneira de embaixador!
Ai meu amor, meu amor e meu amor
Passamos tanto tempo a chorar, que seca
Das nossas penúrias e da prolongada secas
Se chover lamentamos as lamas... Que humor!
Ai meu amor, meu amor e meu amor
Ainda tem duvidas que somos basofos
E julgas que estou com falsos desabafos
Temos cidades mil vazias e alto rumor!
Ai meu amor, meu amor e meu amor
Olha o lixo que aquele visinho tem na porta
Foi colocado por outro vizinho, nada importa
Esta é a limpeza nossa, amor, transferência amor!
Ai meu amor, meu amor e meu amor
Com tanta coisa boa que Senegal tem
Copiamos o esgoto a céu aberto, temos também
Não é só em Dakar, em Lém Ferreira temos amor!
Ai meu amor, meu amor e meu amor
Nossa basofaria é grande e não tem limite
Só que ninguém nunca e nunca se admite
Somos mil pobres que helvéticos meu amor!
Ai meu amor, meu amor e meu amor
E helvéticos têm metade e nós o dobro
Olha que para isto escrever, eu cobro,
De ministros meu amor, temos muitos amor!
Ai meu amor, meu amor e meu amor
Eu não fujo a regra geral das nossas regras
Estou no dez a tomar e a encher-te de palavras
Enquanto você meu amor espera meu beijo amor!
Ai meu amor, meu amor e meu amor
Basofaria não tem limite mesmo querida
Falar de beijo e amor e pacata e sedentária vida
Enquanto França expulsa ciganos meu Amor!
Ai meu amor, meu amor e meu amor
Nós cá a içarmos a linda bandeira de desenvolvimento médio
Na Étiopia e não só na África a guerra e fome enchem de ódio
E de deslocados e de mutilados e mortes e de muito real terror
Ai meu amor, meu amor e meu amor
Esta bosofaria nasceu conosco, eu, a revelia me fiz poeta
E agora, sem mandato, quero dar esta de ser também profeta
E dizer ou mudamos e matamos o mundo, amor que destemor!
Ai meu amor, meu amor e meu amor
Ainda vou mais longe e atreve e penso e imagino e digo
Que nossos filhos vão nos cobrar o que fizemos, isto é comigo?
Ai meu amor, isto é de profeta, prever certo futuro não é de embaixador...
Ai meu amor, meu amor e meu amor
Caboverdeano é assim, nasceu assim, basofo vai viver
E assim vai ufano e muito senhor de si mesmo morrer
Que Tu tenhas pena e nos perdoe, Tu Deus que és de tudo Senhor!
João Furtado
24 de Setembro de 2010
Olá,
ResponderEliminarGostei da musicalidade do poema.
Boa semana e abraço