Bate a chuva forte, na vidraça quebrada
do velho casarão na curva do caminho,
na negra e tenebrosa noite de trovoada,
que amedronta o pobre homem sózinho.
Enregelado encolhe-se debaixo do cobertor
esburacado, na cama sem a companheira,
falecida há tanto tempo, que com a velha dor
se acostumou, como uma eterna bebedeira.
Pensa onde andará o velho cão, que enroscado
ao fundo da cama, a seus pés frios dava calor
na sinistra madrugada da noite invernosa?
Mas amanhece mais um dia frio e enevoado
na casa vazia, sem sinais de vida, só há horror
dois corpos jazem hirtos, na manhã nebulosa!
Arlete Piedade
(Inspirado e em homenagem aos idosos que morrem sózinhos)
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